segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O GATO E A BARATA

        A baratinha velha subiu pelo pé do copo que, ainda com um pouco de vinho, tinha sido largado a um canto da cozinha, desceu pela parte de dentro e começou a lambiscar o vinho.

Dada a pequena distância que nas baratas vai da boca ao cérebro, o álcool lhe subiu logo a este.
Bêbada, a baratinha caiu dentro do copo. Debateu-se, bebeu mais vinho, ficou mais tonta, debateu-se mais, bebeu mais, tonteou mais e já quase morria quando deparou com o carão do gato doméstico que sorria de sua aflição, do alto do copo.
--- Gatinho, meu gatinho - pediu ela - me salva, me salva. Me salva que assim que eu sair daqui eu deixo você me engolir inteirinha, como você gosta. Me salva.
--- Você deixa mesmo eu engolir você? - disse o gato.
--- Me saaalva! - implorou a baratinha. _ Eu prometo.
O gato então virou o copo com uma pata, o líquido escorreu e com ele a baratinha que, assim que se viu no chão, saiu correndo para o buraco mais perto, onde caiu na gargalhada.
--- Que é isso? - perguntou o gato. _ Você não vai sair daí e cumprir sua promessa? Você disse que deixaria eu comer você inteira.
--- Ah, ah, ah - riu então a barata, sem poder se conter. _ E você é tão imbecil a ponto de acreditar na promessa de uma barata velha e bêbada?
                                           Millôr Fernandes



ISSO TAMBÉM PASSA!

 

Chico Xavier costumava ter em cima de sua cama uma placa escrita: ISSO TAMBÉM PASSA! 
Então perguntaram a ele o porquê  disso... 

Ele disse que era para que quando estivesse passando por momentos ruins, se lembrar de que eles iriam embora,
que iriam  passar, e que ele estava vivendo isso por algum motivo. 

Mas essa placa também era para lembrá-lo de que quando estivesse  muito feliz, não deveria deixar tudo para trás 
e se deixar levar, porque esses momentos também iriam passar e momentos difíceis  viriam novamente.

 É exatamente disso que a vida é feita, momentos. Momentos que TEMOS que passar, 
sendo bons ou não, para o nosso próprio aprendizado. Nunca esquecendo o mais importante:

              
. NADA NESSA VIDA É POR ACASO.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

CORAGEM DE CAMUNDONGO


Conta uma antiga fábula que um camundongo vivia angustiado ... com medo do gato.
Um mágico teve pena dele e o transformou em gato. 
Mas aí ele ficou com medo de cão, por isso o mágico o transformou em cão.
Então ele começou a temer a pantera e o mágico o transformou em pantera.
Então ele começou a temer os caçadores. A essa altura o mágico desistiu.
Transformou-o em camundongo novamente e disse:
--- Nada que eu faça por você vai ajudá-lo, porque você tem apenas a coragem de um camundongo. É preciso coragem para romper com o projeto que nos é imposto. Mas saiba que coragem não é a ausência do medo; é sim, a capacidade de avançar, apesar do medo; caminhar para frente e enfrentar as adversidades, vencendo os medos...
É isto que devemos fazer. Não podemos nos derrotar, nos entregar por causa dos medos. Assim, jamais chegaremos aos lugares que tanto almejamos em nossas vidas!

domingo, 21 de novembro de 2010

OS COMPADRES CORCUNDAS


       Era uma vez, dois compadres corcundas, um Rico outro Pobre. O povo do lugar vivia zombando da corcunda do Pobre e não reparava no Rico. A situação do Pobre andava preta, e ele era caçador. 
            Certo dia, sem conseguir caçar nada, já tardinha, sem querer voltar para casa, resolveu dormir ali mesmo no mato. 
            Quando já ia pegando no sono ouviu uma cantiga ao longe, como se muita gente cantasse ao mesmo tempo. 
            Saiu andando, andando, no rumo da cantiga que não parava. Depois de muito andar, chegou numa clareira iluminada pelo luar, e viu uma roda de gente esquisita, vestida de diamantes que brilhavam com a lua. Velhos, rapazes, meninos, todos cantavam e dançavam de mãos dadas, o mesmo verso, sem mudar: 

    Segunda, Terça-feira, 
    Vai, vem! 
    Segunda, Terça-feira, 
    Vai, vem!
 

            Tremendo de medo, escondeu-se numa moita e ficou assistindo aquela cantoria que era sempre a mesma, durante horas. Depois ficou mais calmo e foi se animando, e como era metido a improvisador, entrou no meio da cantoria entoando: 

    Segunda, Terça-feira, 
    Vai, vem! 
    E quarta e quinta-feira, 
    Meu, bem!
 

            Calou-se tudo imediatamente e aquele povo espalhou-se procurando quem havia falado. Pegaram o corcunda e o levaram para o meio da roda. Um velhão então perguntou com voz delicada: 
            --- Foi você quem cantou o verso novo da cantiga? 
            --- Fui eu, sim Senhor! 
            --- Quer vender o verso? - perguntou então o Velhão. 
            --- Quero sim, senhor. Não vendo não, mas dou de presente porque gostei demais do baile animado. 
            O Velho achou graça e todo aquele povo esquisito riu também. 
            --- Pois bem - disse o Velhão - uma mão lava a outra. Em troca do verso eu te tiro essa corcunda e esse povo te dá um Bisaco novo! 
            Passou a mão nas costas do caçador e a corcunda sumiu. Lhe deram um Bisaco novo e disseram que só o abrisse quando o sol nascesse.                                                                                                                                                                            O Caçador meteu-se na estrada e foi embora. Assim que o sol nasceu abriu o bisaco e o encontrou cheio de pedras preciosas e moedas de ouro. 
            No outro dia comprou uma casa com todos os móveis, comprou uma roupa nova e foi à missa porque era domingo. Lá na igreja encontrou o compadre rico, também corcunda. Este quase caiu de costas, assombrado com a mudança. Mais espantado ficou quando o compadre, antes pobre e agora rico, contou tudo que aconteceu ao compadre rico. 
            Então cheio de ganância, o rico resolveu arranjar ainda mais dinheiro e livrar-se da corcunda nas costas. 
            Esperou uns dias e depois largou-se no mato. Tanto fez que ouviu a cantoria e foi na direção da toada. Achou o povo esquisito dançando numa roda e cantando: 

    Segunda, Terça-feira, 
    Vai, vem! 
    Quarta e quinta-feira, 
    Meu, bem!
 


             O Rico não se conteve. Abriu o par de queixos e foi logo berrando:

    Sexta, Sábado e Domingo,
    Também! 


           Calou-se tudo novamente. O povo esquisito voou para cima do atrevido e o levaram para o meio da roda onde estava o velhão. Esse gritou furioso:
            --- Quem mandou se meter onde não é chamado seu corcunda besta? Você não sabe que gente encantada não quer saber de Sexta-feira, dia em que morreu o filho do alto; sábado, dia em que morreu o filho do pecado, e domingo, dia em que ressuscitou quem nunca morre? Não sabia? Pois fique sabendo! E para que não se esqueça da lição, leve a corcunda que deixaram aqui e suma-se da minha vista senão acabo com seu couro!
            O Velhão passou a mão no peito do corcunda e deixou ali a corcunda do compadre pobre. 
Depois deram uma carreira no homem, que ele não sabe como chegou em casa. 
            E assim viveu o resto da sua vida, rico, mas com duas corcundas, uma na frente e outra atrás, para não ser ambicioso. 

O VELHO AMBICIOSO


            Um Velho tinha um filho muito trabalhador. Não podendo ganhar a vida como desejava em sua terra, despediu-se do pai e seguiu viagem para longe a fim de trabalhar. 
            A princípio mandava notícias e dinheiro mas depois deixou de escrever e o velho o julgava morto. 
            Anos depois, numa tarde, chegou à casa do velho um homem e pediu abrigo por uma noite. Durante a ceia conversou pouco e deitou-se logo para dormir. O velho notando que o desconhecido trazia muito dinheiro, resolveu matá-lo. 
            Relutou muito mas acabou cedendo à ambição e tentação e assassinou o hóspede, enterrando-o no quintal do sítio. Voltou para a sala e abriu a mala do morto. 
            Encontrou ali as provas de que se tratava do próprio filho, agora rico, e que vinha fazer-lhe uma surpresa. 
            Cheio de horror, o pai matador foi entregar-se à justiça e morreu na prisão, carregado de remorsos.

sábado, 6 de novembro de 2010

LENDA DA CANA DE AÇÚCAR

            Dizem que Jesus Cristo passava por uma estrada em um dia de sol muito forte e que por isso ele morria de fome e de sede.

            Em meio a estrada ele avistou um canavial e resolveu sentar-se numa sombra entre as folhas, refrescando-se do calor, descansando, chupando os gomos da cana e enfim, matando sua fome.
            Ao sair, abençoou as canas, prometendo que delas o homem havia de tirar um alimento bom e doce.
            No outro dia, na mesma hora, o diabo saiu do fogo do inferno, com os chifres e o rabo queimados. Galopando pela estrada, foi dar no mesmo canavial. Mas, desta vez, as canas soltaram pelos e o caldo estava azedo, e queimou-lhe a garganta.
            O diabo, furioso, prometeu que da cana o homem tiraria uma bebida tão ardente como as caldeiras do inferno.

            Conclui-se então que da cana se tira o açúcar, bênção de Nosso Senhor, e a cachaça, maldição do diabo.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O ANIVERSÁRIO DA MACACA


É uma macaca bem diferente.
Nem bem amanheceu o dia já cantarola pela sala com ares de contente!
É uma macaca muito pra frente!
A macaca animada acordou dando risada.
De hoje e um mês no calendário, a macaca conta os dias para seu aniversário.
Não está bem certa a macaca se fará uma festa das boas, ou um almoço para poucas pessoas.
Tem uma idéia brilhante a macaca, fã de banana!
Não será uma festa comum, vai ser festa do pijama!
A macaca pensa se serve pastel de vento para esse evento ou bobó de camarão para essa ocasião.
A macaca vaidosa costura uma camisola cor-de-rosa.
Até que enfim chega o dia esperado da macaca ter seu aniversario festejado!
Enfeita-se toda a magrela com tudo que há de bom; escova a cabeleira, põe fita, passa perfume e batom.
Estou pronta! disse a macaca, mas cadê os convidados?
A macaca olha para os lados sem saber o que dizer.
Esqueceu os convites no armário da cozinha: só lhe resta sentar e ficar ali sozinha…
Dim! dom! fez a campainha.
E foram entrando os amigos na maior animação, cada qual mais alinhado, com um presente na mão.
A macaca espantada ficou muitíssimo radiante!
Era uma festa surpresa para a aniversariante!
--- Daqui para frente, macaca, não seja tão distraída!
Feliz aniversário e muitos anos de vida!